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O SINPISBA irá gerar mais de 80 Mil empregos diretos e indiretos na Região de Irecê.

Sua meta é beneficiar inicialmente mais de 10 Mil pequenos agricultores familiares nos perímetros do Projeto.

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terça-feira, 30 de abril de 2013

O capim-vetiver (mudas)


Empresário A. Rodrigo Zaleski junto ao pesquisador Paul Truong em visita a fazenda Vetiver - Soluções Ambientais.

A VETIVER - Soluções Ambientais possui dois grandes viveiros de Capim Vetiver. Temos disponibilidade de fornecer mudas em grandes quantidades e enviamos para todo o Brasil. Nossas mudas são de ótima qualidade e podem ser preparadas e enviadas de diversas formas para melhor adaptar às necessidades de nossos clientes.
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O capim-vetiver
Vetiveria zizanioides (L.) Nash

O capim-vetiver (Vetiver) é bastante conhecido desde os mais remotos tempos da Antigüidade, cultivado há pelo menos 6.000 anos, foi largamente propagado ao redor do mundo pela importância na produção de óleo essencial aromático e por seus “poderes mágicos”. Atualmente é encontrado em quase toda região Pantropical do planeta.O Vetiver é uma planta herbácea e perene (pode vegetar durante séculos). A espécie é constituída por touceiras de arquitetura ereta, com folhas e hastes longas, delgadas e bastante resistentes e consistentes.A origem do Vetiver é ainda desconhecida, segundo alguns autores é proveniente das regiões pantanosas do subcontinente indiano (Vietnã, Sri Lanka & Sul da Índia). Atualmente é cultivado em mais de 100 países e sua popularidade vem crescendo rapidamente.

Classificação Sistemática

Reino: Plantae, Divisão: Magnoliophyta, Classe: Liliopsida, Ordem: Poales, Família: Poaceae (ant. Gramineae), Subfamília: Panicoideae, Tribo: Andropogoneae, Gênero: Vetiveria, Espécie: Vetiveria zizanioides (L.) Nash., Sinonímia: Chrysopogon zizanioides (L.) Roberty

Atributos morfológicos e fisiológicos

Espécie pioneira, o Vetiver apresenta características eco-fisiológicas únicas no mundo. A capacidade de estabilizar o solo e controlar a erosão, aliada a excepcional adaptação às mais diversas e inóspitas condições bioedafoclimáticas, o que a torna possível se desenvolver onde nenhuma outra planta sobreviveria. Extremamente rústica, o Vetiver é simultaneamente hidrófilo e xerófilo, além de resistir a extremos hídricos (300–3.000 mm/ano), também tolera extremos térmicos (-14ºC a +55ºC).A fixação biológica de nitrogênio atmosférico e do fósforo, através da associação de bactérias e fungos simbióticos das raízes, permite ao Vetiver vegetar em praticamente qualquer tipo de terreno, tolerando solos de baixa fertilidade, e com valores extremos de pH (3-10), salinidade e toxidez. A complexa rede de bainhas e folhas do Vetiver retém a translação de sedimentos, dos mais finos aos mais grosseiros, estabelecendo barreiras naturais, que reduzem a velocidade das enxurradas e aumentam a capacidade de infiltração d’água no solo, controlando a erosão até mesmo em grandes inclinações (150º).As raízes do Vetiver são extensas e profundas, crescem até 3 cm por dia e atingem de 2 a 3 metros de profundidade no primeiro ano de plantio, podendo alcançar até 6 metros de extensão. As raízes não entram em dormência, mesmo em baixas temperaturas do solo (15 Cº dia e 13 Cº noite), mesmo nestas condições foram registradas taxas de crescimento radicular de 1,26 mm/dia. O extenso alcance das raízes do Vetiver, em profundidade, lhe confere uma surpreendente capacidade de resistência à seca prolongada, e uma extraordinária capacidade de recuperação após sofrer estresses, como queimada, pastoreio intensivo, alagamentos, etc. A espécie já demonstrou uma enorme qualidade de resistência ao ataque de pragas e doenças, e ao acamamento por fortes ventos.A raíz do Vetiver apresenta um impressionante poder de penetração, de tamanho vigor, que pode inclusive transpor camadas com impedimentos rochosos. O sistema radicular agregante de solo, forma um grampeamento natural muito difícil de ser desalojado, como “pregos do solo”.


A excepcional capacidade na estabilização de solos pelas raízes do Vetiver advém da grande densidade relativa das suas raízes (6–10 kPa/Kg por m³ de solo), volume muito superior a cobertura realizada pelas raízes das árvores (3,2–3,7 kPa/Kg por m³ de solo).A resistência da raiz do Vetiver aumenta com a redução do diâmetro, ou seja, raízes novas já conferem a proteção do solo. As raízes do Vetiver apresentam força tensil que variam de 40–180 [Mpa]. As raízes com diâmetros de 0,2–2,2 mm têm uma força tensil média de 75 [Mpa], equivalente a 1/3 da força tensil do aço, só que as raízes de Vetiver jamais enferrujam... Caso o Vetiver venha a ser enterrado, pelo deslocamento e o acumulo de sedimentos, os seus nós emitem novas raízes, que nivelam a planta com a nova superfície do terreno.Os incríveis atributos e a versatilidade conferem o status ao Vetiver de “uma das espécies mais úteis e promissoras à humanidade deste século”.Em áreas perturbadas, onde os métodos convencionais de proteção ambiental, geralmente, consistem em soluções complexas e pouco práticas, de custo elevado, e de eficiência questionável, o “Sistema Vetiver”, técnica no qual se utiliza o capim-vetiver, oferece uma alternativa tecnológica simples, eficáz, segura, e de reduzidos custos. Em artigo científico publicado no “The Journal of the American Botanical Council”, é transcrito a importância mundial da “Sistema Vetiver”, informando que uma barreira de contenção de Vetiver pode custar cerca de US$ 30,00/hectare (+/- R$ 60,00), enquanto os custo com métodos convencionais podem ultrapassar US$ 500,00/hectare (+/- R$ 1.000,00). Encerra o artigo afirmando ser “os povos do terceiro mundo os que mais podem se beneficiar desta “dadiva da natureza”. Conhecido como “Capim Mágico” nas regiões áridas da Austrália, o Vetiver é largamente utilizado na estabilização de barreiras em obras rodoviárias na China, Malásia e Tailândia, além de “proteger” as lavouras de mais de 500.000 produtores rurais na Etiópia.

Riscos e impactos ambientais

O Vetiver é considerado uma das plantas mais seguras do mundo para utilização em fitorremediações. Fora de seu habitat natural o Vetiver não oferece qualquer risco de se transformar em erva invasora. Cultivado há séculos em várias partes do mundo, nunca houve qualquer registro de que qualquer planta tivesse “escapado” ás áreas de cultivo. O Vetiver nunca é agressivo, raramente produz sementes férteis, nunca produz rizomas, nem estolões, nem qualquer outra estrutura reprodutiva, só podendo ser multiplicado por subdivisões de touceiras ou cultura de tecidos in-vitro. Para a total eliminação do Vetiver basta arranca-lo e deixa-lo exposto ao tempo.Pesquisas realizadas com amostras de Vetiver provenientes de vários países indicam que, em sua grande maioria, o Vetiver distribuído ao redor do Planeta é geneticamente idêntico e, parecem descender de um mesmo genótipo, uma garantia de homogeneidade e estabilidade da planta.Há séculos vários povos da África e Ásia utilizam o Vetiver na demarcação territorial das propriedades, um registro da total imobilidade da planta e segurança da tecnologia. Milhares de hectares de terras cultivadas estão protegidos na Índia, China e África. O Sistema Vetiver têm mais de 200 anos de histórias na Índia, e compõe “terraços vegetais” na ilhas Fiji há mais de 50 anos. Neste período a planta nunca mostrou qualquer perigo de doença e praguejamento, nem como intermediário de moléstias. O Vetiver foi testado por 5 anos, sob a coordenação de pesquisadores do laboratório Engineering Research Laboratories (USACERL), que incorporou o Vetiver em vários projetos experimentais para avaliar a sua performance e eficácia como ferramenta biotecnológica na estabilização e preservação de solos com estruturas e texturas distintas. O relatório de avaliação concluiu que o Vetiver foi a espécie que apresentou as melhores resultados de fitorremediação.A Agência para o Desenvolvimento Internacional dos Estados Unidos (U.S. Agency For International Development - USAID); o Conselho de Pesquisa dos Estados Unidos (The National Research Council – NRC), e a Academia de Ciência Naturais (National Academy of Sciences) pesquisaram o Sistema Vetiver, sendo aprovada, por unanimidade, como tecnologia barata, eficaz e segura para o efetivo controle de erosão e conservação da água no solo”. Grimsbaw & Helfer, 1995, relataram que após 30 anos trabalhando com Vetiver em diversos países do mundo, nunca foi observado qualquer praga e/ou doença que possa atacá-la ou servir como hospedeiro.Uma análise de risco realizada pelos orgãos ambientais da Austrália e Nova Zelândia classificou o Vetiver como de baixo risco de se tornar uma espécie invasora com a pontuação -8, sendo que plantas com pontuação menor que 1 (um) podem ser importadas para estes países sem preocupações. PIER, (2007) apresenta uma lista de trabalhos técnicos que servem como embasamento científico de suporte a esta classificação. Dada suas excelentes características, no Brasil o Vetiver é indicado no pelo Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes (DNIT) em sua “Norma 074/2006 – ES” para ser utilizado no tratamento ambiental de taludes e encostas. Da mesma forma a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) recomenda o uso do Vetiver como uma técnica de baixo custo para ser utilizado no controle de voçorocas em áreas rurais (Embrapa, 2006). A empresa VETIVER SYSTEMS LTDA (http://www.sistemavetiver.com.br/) vem realizando no Brasil uma série de trabalhos de controle de erosão e reforço de solo utilizando o Sistema Vetiver e os resultados têm demonstrado uma grande eficiência deste método natural.

REFERÊNCIAS

The Vetiver Network: Organização internacional sem fins lucrativos, que tem por objetivo promover conhecimentos e informações científicas sobre o Vetiver: na conservação de solo e água; reabilitação de áreas degradadas; estabilização de taludes e encostas; fitoremediação de áreas contaminados; e controle natural de poluentes. Apoiada e financiada pelo Governo Real Dinamarquês, além de importantes e renomados organismos internacionais como o Banco Mundial e a ONU. Atualmente atua em mais de 100 países do mundo, distribuídos pela Ásia, África, América Latina e Caribe, entre eles o Brasil. http://www.vetiver.org/

Extensa lista da pesquisas científicas e publicações selacionadas com o capim-vetiver.http://www.vetiver.org/TVN_refs.htm

Relatório do Banco Mundial descrevendo os usos do capim-vetiver na conservação dos solos e das águas. Eles concluem que o Sistema Vetiver (técnica na qual o capim-vetiver é utilizado) é uma forma eficiente e barata para resolver os problemas de erosão e melhorar a produtividade dos solos.http://www.vetiver.org/PUBLICATIONS/TVN_greenEng.pdf

Relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos sobre o capim-vetiver.http://www.vetiver.org/USA-USDA-NRCS_Sunshine.pdf

Relatório da Agência para o Desenvolvimento Internacional dos Estados Unidos (U.S. Agency For International Development - USAID); o Conselho de Pesquisa dos Estados Unidos (The National Research Council – NRC), e a Academia de Ciência Naturais (National Academy of Sciences) que pesquisaram o Sistema Vetiver, sendo aprovada, por unanimidade, como tecnologia barata, eficaz e segura para o efetivo controle de erosão e conservação da água. http://www.amazon.com/Vetiver-Grass-Green-Against-Erosion/dp/0309042690

Instituto florestal das ilhas do pacífico descrevendo as características do capim-vetiver.http://www.hear.org/pier/species/chrysopogon_zizanioides.htm

Análise de risco realizado pelos orgãos ambientais da Austrália e Nova Zelândia, adaptado para as ilhas Havaianas, mostrando que o capim-vetiver é uma espécie segura para ser importada para o Havaí, sem riscos de se tornar uma planta invasora.http://www.hear.org/pier/species/chrysopogon_zizanioides.htm

Norma do DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES - DNIT especificando serviço de controle de processos erosivos em margem de rodovias e recomendando o uso do capim-vetiver para reforço do solo e contenção de encostas.http://ipr.dnit.gov.br/normas/DNIT074_2006_ES.pdf

Artigo da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA descrevendo como recuperar áreas com voçorocas e recomendando barreiras de capim-vetiver.http://www.cnpab.embrapa.br/publicacoes/sistemasdeproducao/vocoroca/implantacao.htm#forma

VETIVER - Soluções Ambientais: http://www.vetiverambiental.com.br/

Texto adaptado de EMATER-MG, Caxambu.

Estrangeiros são a nova geração de usineiros

"Os estrangeiros é que tem crédito, que estão investindo na modernização das indústrias e na renovação dos canaviais"

Assista ao Vídeo desta reportagem clicando aqui!

Bandeiras estrangeiras, sobretudo americanas, francesas e inglesas, tremulam nos mastros das usinas de açúcar e álcool do Brasil, que iniciou esta semana na região de Ribeirão Preto, interior de São Paulo, a colheita da maior safra de cana-de-açúcar da História. Enfrentando uma crescente desnacionalização, o setor atingiu no ano passado uma marca impressionante: os estrangeiros foram responsáveis por 33% da produção brasileira de açúcar e álcool. Em 2010, a participação era de apenas 12%. Em 2006, quando o processo de internacionalização começou, a presença dos estrangeiros era de somente 3%. Nessa velocidade, a estimativa é que em breve o setor será totalmente dominado pelo capital externo, conforme levantamento da Datagro, empresa que presta consultoria à Organização Internacional do Açúcar.

Assim, este ano pelo menos um terço das 654 milhões de toneladas de cana que serão colhidas no país (11% a mais do que no ano passado) será para abastecer usinas de capital estrangeiro. Só a produção de açúcar será 13,6% maior este ano (43,5 milhões de toneladas). Os usineiros produzirão também 25,7 bilhões de litros de etanol, com um aumento de 9% sobre o ano passado. Um recorde total, de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Os estrangeiros estão sendo atraídos pela alternativa mundial do álcool como combustível limpo e também pela crise dos usineiros brasileiros, pertencentes a tradicionais famílias, especialmente em 40 municípios no entorno de Ribeirão Preto, que produz 60% da produção nacional. Somente nos últimos quatro anos, 42 usinas de açúcar e álcool fecharam as portas. Muitas, no entanto, estão sendo compradas pelo capital internacional.

Um exemplo dessa expansão estrangeira no setor aconteceu nesta última sexta-feira em Ivinhema, no Mato Grosso do Sul, com a inauguração de uma grande destilaria de etanol pertencente à Adecoagro, do megainvestidor americano George Soros. Ele investiu US$ 900 milhões (ou aproximadamente R$ 1,8 bilhão) na filial brasileira da empresa, que tem sede na Argentina. Há dois anos, a anglo-holandesa Shell se associou ao empresário Rubens Ometto, e virou dona da metade das 24 usinas brasileiras pertencentes à Raízen, empresa resultante da fusão e que é segunda maior do setor, com 9,5% da produção nacional de açúcar e álcool. Até 2020, a Shell pode exercer o direito de comprar 100% do capital da empresa.

— Por enquanto, não pensamos em mudar nada na nossa parceria com a Shell. Estou muito feliz com o negócio do jeito que ele está — desconversou Rubens Ometto.

Além da Shell, os americanos da Bunge e da Cargill já são donos de dezenas de destilarias. Só a Bunge tem sete usinas. Os franceses da Louis Dreyfus Commodities (LDC) são proprietários de outras 11 usinas da Biosev, a terceira maior empresa do setor, com 7% de toda a produção. A primeira ainda é a brasileira Copersucar, que tem 34 usinas e 23% da produção brasileira. A indiana Renuka tem quatro usinas (duas no Paraná e duas em São Paulo), com capacidade para a moagem de 13 milhões de toneladas. O objetivo é exportar açúcar e etanol para a Índia, que começa este ano um programa de misturar 5% de álcool na gasolina.



Estrangeiros investiram US$ 22 bilhões na compra de usinas
A chinesa Noble, de Hong Kong, tem duas usinas no Brasil e os japoneses da Sojitz já detém 30% do capital da ETH Bioenergia, do grupo Odebrecht, que tem 9 usinas para processar 22 milhões de toneladas de cana. Os franceses da Tereos foram os primeiros a chegar ao mercado brasileiro, com a compra da Açúcar Guarani, que tem sete usinas no país. Hoje, a Tereos tem 50% do capital nas mãos da Petrobras e capacidade para processar 21,5 milhões de toneladas de cana. Assim como a poderosa Petrobras, outra petroleira, a British Petroleum (BP), comprou recentemente usinas em Goiás e Minas Gerais.

De acordo com levantamento da Datagro, os estrangeiros investiram US$ 22 bilhões (ou R$ 44 bilhões) na compra de usinas brasileiras de açúcar e álcool.

— O capital estrangeiro é bem vindo. Não fosse ele, certamente não teríamos aumento da produção este ano. Os estrangeiros é que tem crédito, que estão investindo na modernização das indústrias e na renovação dos canaviais — disse Antonio de Pádua Rodrigues, diretor da União da Indústria da Cana de Açúcar (Unica).

As empresas internacionais, contudo, não estão se tornando donas das terras. Até porque, a Advocacia Geral da União (AGU) fez um parecer limitando em 2010 em cinco mil hectares o volume de terras em mão de um estrangeiro. Com isso, as empresas estão comprando só as usinas. A terra em que plantam é arrendada dos produtores brasileiros ou adquirem toda a safra dos canavieiros nacionais.

Essa é uma das razões que leva o diretor da Unica a não ver risco dos estrangeiros dominarem o setor. Antonio de Pádua Rodrigues acha mais perigoso o que está acontecendo com a falta de investimentos da Petrobras no refino de gasolina, entre outras coisas.

— Será que as empresas estrangeiras continuarão interessadas no setor, depois de anos sem lucratividade? Eles tem mais fôlego financeiro do que os empresários nacionais e estão dispostos a ficar no mercado, de olho no futuro, mesmo não tendo lucro no presente — esclareceu Pádua, para quem, as recentes medidas anunciadas pela presidente Dilma Rousseff, da desoneração do PIS/Cofins e da redução da taxa de juros para financiamentos na modernização de equipamentos e renovação dos canaviais, podem ajudar a minimizar os problemas do setor, mas ainda são consideradas insuficientes para a expansão do segmento. O aumento da mistura de 25% de etanol na gasolina, que passa a vigorar neste 1º de maio, não é vista como incentivo para o setor, mas como benefício para a Petrobras, que passa a importar menos gasolina para abastecer o mercado interno.

O geógrafo Bernardo Mançano, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), contudo, vê riscos da expansão estrangeira à segurança nacional. Afinal, o setor emprega 4,5 milhões de pessoas e responde por 8% do PIB agrícola brasileiro.

— Ao permitir o avanço do capital estrangeiro num setor estratégico, o governo está abrindo mão de estabelecer sua política agrícola, de definir o uso do território para a sua soberania. Hoje quem define a política agrícola é a Organização Mundial do Comércio e o agronegócio. O que mais preocupa é que o capital estrangeiro avança no setor e dentro de dois ou três anos pode chegar a 66% do setor. E o pior, é que o BNDES está financiando muitos desses projetos —disse Mançano.

O auge da invasão estrangeira ocorreu depois da crise mundial de 2008/2009, que afetou intensamente os usineiros brasileiros. Segundo Plínio Nastari, presidente da Datagro, que deu consultoria a 70% dos estrangeiros que vieram para o Brasil a partir de 2005/2006, o capital internacional veio para o Brasil atraído pelo fato do país ser o maior produtor mundial de cana-de-açúcar, responsável pela exportação de 50% do açúcar mundial e de 43% da exportação mundial de etanol. Nos últimos oito anos, o volume do açúcar exportado pelo Brasil cresceu 48%, enquanto que o resto do mundo teve uma queda de 1%.

— Depois que os estrangeiros vieram para o Brasil, a exportação brasileira de etanol saltou de 1,7 bilhão para 5,1 bilhões de litros. Na safra do ano passado, caiu para 3,3 bilhões, mas este ano já deve subir novamente e deve chegar a 4,1 bilhões de litros. A demanda mundial por etanol está crescendo 13% ao ano e a do açúcar 2,3% ao ano.

A partir do momento em que os estrangeiros começaram a tomar o lugar dos usineiros tradicionais, a produção começou a subir. Em 2004, o Brasil processava apenas 358 milhões de toneladas de cana. Em 2006, com a entrada do capital externo, o país produzia 386,6 milhões de toneladas. No auge do ingresso do capital internacional, a produção de cana subiu para 602,6 milhões de toneladas em 2009 e para 620,5 milhões de toneladas em 2010.

Para este ano, a Conab estima uma produção de 653,8 milhões de toneladas, o dobro do que produzia antes da chegada dos estrangeiros. A produção de etanol, que era de 15,9 bilhões de litros em 2006, deve ser de 25,7 bilhões de litros. A de açúcar era de 25,8 milhões de toneladas e este ano deve ser de 43,5 milhões de toneladas.

Um dos primeiros empresários brasileiros a vender suas usinas para os estrangeiros foi Maurílio Biagi, de Ribeirão Preto, que faz parte do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), do governo Dilma Rousseff. Em 2006, ele vendeu a Cevasa (Central Energética Vale do Sapucaí), que esmaga anualmente 4 milhões de toneladas de cana, para a americana Cargill, uma das maiores empresas do setor alimentício do mundo. Biagi prevê que até 2016 a participação estrangeira no setor será de 50%.

— A maioria das aquisições de estrangeiros no setor ocorre porque o empresário brasileiro está quebrado, cheio de dívidas em bancos. Mas esse não foi o meu caso. Eu já tinha negócios com a Cargill na Síria e El Salvador e acompanhei o esforço dos americanos que queriam entrar no setor de açúcar e álcool de qualquer maneira. Eles quase compraram a Usina Corona. Então, resolvi vender minha usina por entender que era um ótimo negócio — disse Biagi.

A Usina São Francisco, de Sertãozinho, é uma das que resiste ao assédio estrangeiro. Segundo Jairo Balbo, diretor industrial, a empresa sobrevive por ter desenvolvido o projeto Native, que faz produtos orgânicos, além dos tradicionais, e por isso ele se recusa a vender o controle da empresa, que está com a família há 100 anos. Ele vê com bons olhos o capital estrangeiro, mas acha que a crise do setor só vai acabar quando o preço do produtor subir em R$ 0,40 por litro. Atualmente, um litro de etanol custa R$ 1,44 na usina, já com impostos, ou R$ 1,15 sem impostos (para o consumidor, o preço do litro custa em torno de R$ 2,00).

— A desoneração do PIS/Cofins em R$ 0,12 por litro, vai ajudar um pouco, mas o importante é que o governo abriu diálogo com o setor. Não acredito que a crise levará à desnacionalização. Os estrangeiros ainda precisam muito de nós. Tanto que eles estão comprando só a parte industrial. A parte agrícola ainda está na mão dos brasileiros. A tecnologia do setor também é nossa. Um bom exemplo da parceria com o capital estrangeiro é o que aconteceu com a Shell. Eles compraram as usinas, mas quem toca a produção são os brasileiros — disse Balbo.

Germano Oliveira

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